GALERIA - FÓRUM

quarta-feira, 19 de maio de 2010

FÓRUM E CIDADANIA

Vilmar Serighelli
Qualquer pessoa ou instituição – movimento social, denominação religiosa, ONG, escola, empresa, associação etc – pode e deve PROMOVER iniciativas que reforcem a cidadania e a solidariedade: mesas-redondas; campanhas; palestras; mutirão que beneficie, sem assistencialismo, a população mais pobre.
Um excelente ponto de partida são as Metas do Milênio, aprovadas por 191 países da ONU, em 2000. Todos, inclusive o Brasil, se comprometeram a cumprir os oito objetivos até 2015: 1) Acabar com a fome e a miséria; 2) Educação básica de qualidade para todos; 3) Igualdade entre sexos e valorização da mulher; 4) Reduzir a mortalidade infantil; 5) Melhorar a saúde das gestantes; 6) Combater a Aids, a malária e outras doenças; 7) Qualidade de vida e respeito ao meio ambiente; 8) Todo mundo trabalhando pelo desenvolvimento. Sonho, utopia ou possibilidade?
Não há quem NÃO possa fazer um gesto na direção desses objetivos: debater em sala de aula as causas da pobreza e os entraves à melhor distribuição de renda; introduzir na escola educação nutricional, adotar os programas Escolas Irmãs, Jovem Voluntário, Escola Solidária, promover painéis exposição sobre os direitos dos povos indígenas ou ações de combate ao trabalho e à prostituição infantis; organizar uma horta comunitária; lutar pela melhoria da educação, do acesso a medicamentos seguros e baratos ou abrir um curso de alfabetização de adultos; denunciar o preconceito contra homossexuais e o uso da mulher no estímulo ao consumismo; fortalecer a Pastoral da Criança e as muitas formas de organização das Pessoas Idosas e discutir a relação entre explosão demográfica e crescimento econômico com desenvolvimento social; conscientizar sobre os riscos da Aids, as causas da malária e o aumento de doenças decorrentes do desequilíbrio ecológico; colaborar para a implementação de reformas (Ficha Limpa, Tributária…) pesquisar o que é desenvolvimento sustentável etc.
Há quem torça o nariz para as Metas do Milênio. O mesmo erro foi cometido quando as verdes, décadas atrás, levantaram a bandeira da ECOLOGIA. Felizmente Chico Mendes nos abriu os olhos. Ensinou que a preservação do meio ambiente é das poucas bandeiras que mobilizam adeptos em todas as classes sociais.
É preciso mobilizar a Nação, o Estado, o Município em torno de ações concretas que nos permitam construir o “outro mundo possível”. É preciso nos PERGUNTAR, trazendo dentro da nossa vida, o que temos feito para mudar o mundo? O que faz você, a sua escola, a sua comunidade religiosa, o seu movimento social, a sua empresa? O que fazem e pensam a classe política, no intuito de construir projetos que beneficiem a população? Quais as preocupações com a geração de Pessoas Idosas? Queixar-se é fácil e reclamar não é difícil. O DESAFIO é agir, organizar, conscientizar, transformar.
No filme, Diários de motocicleta, filme de Walter Salles, mostra a cena em que Ernesto Guevara decide, na noite de seu aniversário, mergulhar no rio que o separava da comunidade de hansenianos. Naquele momento, Che optou pela margem oposta – a da cidadania e da solidariedade. Não ficou na margem em que nascera e fora criado, cercado de confortos e ilusões, nem se reteve “na terceira margem do rio”, aquela dos que se isolam em suas convicções sectárias e jamais completam a travessia. Nossas escolham mudam nossas vidas.
Porque podemos mudar o Brasil, o Paraná, o nosso litoral e a querida Paranaguá mãe de todos os paranaenses. Basta passar das intenções às ações. Cabeça, tronco e membros é a característica do animal. Se pensa, fala e opta, é característico do ser racional. Se não joga papel no chão, respeita o pedestre enquanto dirige, pede nota fiscal no comércio e exige direitos previstos em lei, um cidadão.
Não é fácil ser cidadão brasileiro. “Pau que nasce torto...” Nascemos como nação-colônia, aprendendo que o estrangeiro é sempre melhor que o nacional.
Cidadania rima com soberania. É preciso gostar de si próprio para conquistá-la. É preciso PARTICIPAR, cada um fazendo a sua parte. Caso contrário, permanece tudo como está. E todos acreditarão na publicidade dos planos oferecidos em larga escala e que raramente correspondem à expectativa do usuário na hora do aperto.
Fórum, Economia e Vida, 18, 19 e 20 – Catedral Diocesana de Paranaguá.
Que Deus nos guarde na palma de sua mão.
Publicado na Folha do Litoral em 16/05/2010, Ano 9 – Nº 2992. P. 10. correio:serighelli@uol.com.br

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